Atualmente o cinema chinês é uma das maiores potências no ramo cinematográfico, em destaque o cinema de Hong Kong, onde são realizados o maior número de produções cinematográficas. Wong Kar-Wai juntamente com outros diretores fazem parte do movimento “Segunda Nova Onda” do cinema de Hong Kong, cinema no qual não nega a comercialização e as parcerias transnacionais.
“Amor à flor da pele” (2000) é um filme de coprodução francesa e Hong Kong, dirigido pelo grande mestre do cinema asiático Wong Kar-Wai, primeiro chinês a ganhar o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes de 1997.
Sinopse: Em 1962, o jornalista Chow Mo-wan se muda para Hong Kong com sua mulher, que está sempre envolvida com o trabalho e para pouco em casa. Chow faz amizade com a vizinha Su Li-zhen e ambos descobrem que seus parceiros os traem.
O que dizer do grande mestre do cinema de Hong Kong? Como ele reage nessa parceria entre França e Hong Kong? Como sua montagem dá vida ao filme? Como as relações interpessoais e sociais são construídas em seus personagens? Essas são algumas perguntas que tentarei questionar ao longo desta análise.
A montagem tonal constrói a dramatização
Segundo Sergei Eisenstein a montagem é dividia em algumas partes, uma delas é a ‘montagem Tonal’, que constrói a trama trabalhando com a luz e as sombras… Com certeza este é o elemento fundamental utilizado pelo diretor Wong Kar-Wai, a sombra e a luz trabalha a Dramatização de cada personagem.
Outro elemento primordial do Kar-Wai é a quebra de frames e a velocidade dos planos, ‘amor à a flor da pele’ expõe o romance através destes planos mais lentos.
Parceria entre França e Hong Kong
A nova onda 🌊 deste cinema traz consigo a abertura da ‘comercialização’ internacional e o entendimento básico; para que o cinema de Hong Kong possa continuar existindo é necessário unir forças!
Em ‘Amor à Flor da pele’ não temos atores franceses… Porém temos algumas músicas francesas, o que dá um toque especial na banda sonora e no romance líquido.
A montagem e o tempo
Algo essencial para a montagem é construção do tempo, o tempo da narrativa vs o tempo real, o espaço vs o tempo. Neste filme Wong Kar-Wai trabalha bastante com a quebra no tempo/velocidade, num instante estamos em um período, no próximo plano estamos a algumas horas ou dias a frente, aliás, ele faz isso direto e a gente nem percebe essa transferência temporal.
A sobreposição de objetos
Pensa num filme que gosta de utilizar o Overlap como quadro de plano… ‘Amor à flor da pele’ é este filme! Sem contar que o tempo todo a câmera trafega entre paredes e objetos, fazendo assim uma estética técnica fenomenal! Acaba proporcionando belíssimos planos.
A solidão vs o amor
Outra questão interessante deste filme é o amor líquido e a solidão, que são os dois pontos cruciais para essa trama! A solidão é associada às cores mais escuras, aos planos fechados, ao score super dramático/romance, ao desapego, a timidez e assim por diante… Todos são pontos fundamentais para a construção da solidão.
Já o amor causa um sentimento de torcida no espectador, será que os protagonistas irão se beijar? Será que seus parceiros irão descobrir? Essas perguntas ficam durante a história.
Enfim, ‘Amor à flor’ da pele é um filme fenomenal, um ótimo objeto de estudo e possui uma bela trilha sonora. Se você já viu vale a pena rever!